07 setembro 2009

Seminário de Corupá 80 anos

(07.09.1929 – 07.09.2009)

“No dia sete de setembro de 1929, o bispo da recém criada Diocese de Joinville, D. Pio de Freitas Silveira (1929-1955), benzia solenemente a pedra fundamental do Seminário Sagrado Coração de Jesus em Corupá, bem no meio da mata virgem” (Raulino Busarello, Álbum Jubilar, 1953, p. 98).
As obras da construção do Seminário (Escola Apostólica) já iam um tanto adiantadas. Os trabalhos foram iniciados em meados de 1928. Eram tempos difíceis e inseguros. Por isso a festa do lançamento da pedra fundamental foi várias vezes adiada para uma ocasião mais propícia.
Estava previsto que, juntamente com a Festa de Lançamento da Pedra Fundamental da Escola Apostólica, se realizasse também uma Festa Popular. O rendimento iria reverter em benefício da Sociedade Católica de Hansa empenhada em solver as dívidas restantes do terreno (comprado pela referida Sociedade e doado à Escola Apostólica). Este o motivo pelo qual a Pedra Fundamental somente foi lançada quando as paredes já se erguiam à meia altura do primeiro andar.
E o P. Vicente Schmitz, scj., anota em suas Crônicas: “Como apropriados fora escolhidos os dias sete e oito de setembro (1929), pois, o dia 7 seria feriado nacional (Dia da Pátria) e o dia 8 cairia num domingo. Fez-se muita propaganda e muita angariação em prendas e dinheiro”. No entanto, o mês de setembro costumava ser muito chuvoso por aqui e neste ano não foi diferente. O excessivo mau tempo prejudicou, e muito, os preparativos da festa. Em virtude das freqüentes chuvas e do cancelamento da vinda, já confirmada, de um trem especial de Mafra, a afluência do povo foi bastante reduzida.
O Padre Vicente Schmitz anota que a vinda deste trem foi várias vezes confirmada e cancelada. Em sua opinião, o motivo do cancelamento se deve a intrigas e má vontade e não tanto à previsão de pouco lucro ou prejuízo para a Ferrovia. E anota: “Nas várias estações, muita gente esperou em vão” (Crônica, p. 49).
Fizeram-se presentes, no entanto, muitas autoridades e amigos. Destacamos entre eles: Dom Pio de Freitas Silveira, bispo da recém-criada Diocese de Joinville; o Cônego José Ernser, de Rio Negro, um grande amigo e benfeitor da Congregação dos Padres do Coração de Jesus; o P. Pedro Storms, Superior Regional; Dr. Ulysses da Costa, Prefeito de Joinville; Eduardo Schwartz, vice-presidente da Câmara de Vereadores de Joinville; José Pasqualini, representante do Governador Adolfo Konder; Bertoldo Moritz, Intendente de Hansa. Vieram também nossos Padres Thoneik, Brand, Baumeister, Jakobs, Lux e Schmitz. Anotamos ainda a presença do Padre José Locks do Seminário Menor Diocesano de Azambuja e do Padre Lazarista Francisco Framert, Secretário do Senhor Bispo.
Ao término da missa solene, o Padre Germano Brand, orador oficial, leu o Documento (da Pedra Fundamental) que o P. Bangder havia redigido, nos seguintes termos: “No ano da Salvação de 1929, aos sete de setembro, sendo Pio XI o Papa gloriosamente reinante no sexto ano de seu Pontificado; Dom Pio de Freitas, o 1º Bispo de Joinville; os diletos Padres em Cristo: Lourenço Philippe, Superior Geral da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus; Paulino Sander, Superior da Província Germânica; Pedro Storms, Superior Regional do Brasil Meridional; as egrégias personalidades: Senhor Washington Luiz Pereira de Souza, Presidente dos Estados Federativos do Brasil; Doutor Adolfo Konder, Presidente do Estado de Santa Catarina; Ulysses Costa, Prefeito de Joinville e Eduardo Schwartz e Gustavo Richlin, da Câmara de Joinville.
Com água lustral aspergimos a Pedra Fundamental do edifício destinado a Jovens brasileiros que foram chamados para a causa do Senhor, a fim de ingressarem na Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus”.
Presentes: seguem as assinaturas

O documento termina com uma invocação: “Que nos acompanhe Nosso Senhor Jesus Cristo, a Pedra Fundamental que, ‘sem o auxílio de mãos foi arrancada das montanhas’ (cf. Dn 2,45) e é o Fundamento imutável. Que nos acompanhe a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha dos Apóstolos, que protegeu os primeiros anunciadores do Evangelho. Que nos acompanhem os nossos Santos Padroeiros e alcancem a luz e a força da sabedoria cristã para aqueles em cujo benefício empreendemos esta obra, no sentido de ouvirem a voz do céu a eles dirigida: ‘Ide também vós para a minha vinha’”.
As Crônicas do P. Vicente Schmitz acrescentam que a forma e o conteúdo desse Documento tiveram o aplauso geral. Seguiram-se os discursos de José Pasqualini, Ulysses da Costa e do Exmo.sr. Bispo Diocesano. Todos falavam da importância do Sacerdócio Católico em geral e, em especial, acentuavam a urgente necessidade de novos sacerdotes para o Brasil.
A seguir, o Documento foi sumindo, primeiro num canudo; depois na Pedra Fundamental de cimento, a qual foi depositada na abertura do pedestal de uma coluna que fica na parte saliente da fachada. A parte exterior traz a inscrição: LA 1929.
E o nosso Cronista (Padre Vicente Schmitz) ainda anota: “Oxalá esse Documento possa descansar tranqüilo. E que, século após século, gerações e gerações possam vê-lo. Mas, oxalá, também, a semente aqui lançada em clima de entusiasmo e espírito de sacrifício para a elevada e altíssima causa, possa crescer e desenvolver-se ‘para a maior glória de Deus e a salvação de muitos irmãos’”.
Dom Pio de Freitas estava muito alegre e satisfeito com a recepção e todo o desenrolar dos festejos. O resultado financeiro ficou muito aquém das expectativas. Mas tendo em vista as circunstâncias totalmente desfavoráveis, o resultado foi ainda satisfatório: 1.680$000.
Mas, talvez, o resultado mais positivo tenha sido a presença do Bispo Diocesano, de tantas autoridades e amigos. Sobretudo foi muito importante a presença de tantos padres da Congregação. Mais tarde, o Superior Geral, P. Lourenço José Philippe, scj., anotará: “Hansa será, com toda certeza, um monumentum aere perennius (um monumento mais perene do que o bronze) nos anais da Congregação. E isto como recompensa da confiança em Deus e da harmonia fraterna. Foi um trabalho realizado na confiança em Deus e com o óbulo de todos os confrades. Quem recebera muito, trouxe muito, que recebera menos trouxe o que podia: dez, cinco ou somente um talento” (Crônica do P. Vicente Schmitz, p. 72).

FESTA POPULAR – FEST-PROGRAMM

Programa das festas à se realisarem nos dias 7 e 8 de Setembro do corrente anno, em benefício à nova construcção de um Seminário pertencente aos Revmos. Padres do Sagrado Coração de Jesus, em Hansa

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Dia 7 de Setembro
- Às 6 horas da manhã alvorada, tocando a banda musical do snr. Paulo Kaesemodel. À chegada do trem de passageiros às 9,10 horas, serão recebidos festivamente na gare da Estação S. Exa. Revma. D. Pio de Freitas, D. Bispo de Joinville e as altas autoridades da Comarca, e todos que vierem à Hansa a tomar parte nos festejos, sendo em seguida transportados em automóvel para o local do novo Seminário, sendo ahi saudados.
- Às 10 horas terá lugar com toda pompa a missa campal, sendo logo após feita a cerimônia do lançamento da Pedra Fundamental do novo Seminário
- Às 12 horas será offerecido à S. Exa. Revma., D. Pio de Freitas e às autoridades da Comarca um lauto almoço pelos Revmos. Pdrs. do Sagrado Coração de Jesus.

Durante o dia todo tocará a banda musical do snr. Paulo Kaesemodel, tocando também no piano o artista Pepi Prantl.

Haverá leilão, bazar, carrocel, jogos de diversas espécies, churrascada, chops, bebidas finas, café, doces, comidas frias e quentes.
DE NOITE GRANDE BAILE

Dia 8 de Setembro
- Às 10 horas será celebrada uma missa campal.
Sendo que durante o dia haverá bazar, leilão, churrasco, bebidas, chops, divertimentos de todas as espécies, etc.
- É provável que no dia 8 haverá um trem de recreio entre Mafra e Hansa, chegando o trem às 9,10 horas, cruzando com o passageiro.

Dia 9 caso haja povo continuarão as festas.

A todos que desejam tomar parte nestas solenidades e que nos queiram honrar com a sua presença, eternamente grata fica
A Comissão
Hansa, 26 de Agosto de 1929
Todos à Hansa