BRASÍLIA (Reuters) - A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) defendeu nesta quinta-feira que os fiéis da Igreja Católica tenham consciência na hora de votar e pensem duas vezes antes de eleger seus representantes, sobretudo aqueles envolvidos no escândalo do "mensalão".
"Eles deveriam receber o quanto antes a avaliação do que fizeram. Deveriam até ser impedidos de se apresentar para a próxima eleição", defendeu nesta tarde o presidente da CNBB, Cardeal Geraldo Majella Agnelo.
A CNBB reclamou mais participação popular nas decisões de poder e mais justiça social. Os bispos criticaram a caráter excludente da globalização e pediram a aprovação de uma reforma política e eleitoral capaz de expurgar uma "histórica endemia" brasileira, a corrupção.
A CNBB distribuiu aos fiéis neste ano uma cartilha intitulada "Eleições 2006", com orientações genéricas a respeito do pleito nacional de outubro.
"Os eleitores devem pensar duas vezes antes de votar", completou Dom Geraldo.
Sobre a maior crise vivida pelo PT desde que este assumiu o governo, a cúpula do órgão foi dura, mas ressaltou que o episódio não foi o primeiro nem o maior da República.
"Se na política brasileira tivessem desviado só isso, seríamos o país menos corrupto do mundo", argumentou Dom Antônio.
Ele criticou o fato de apenas três dos 19 deputados federais acusados no escândalo terem sido cassados por seus pares.
A cartilha orienta os fiéis a escolher com cuidado seus representantes, mas enfatiza que a Igreja Católica não se interessa pela disputa política nem tem candidato preferido. Mesmo assim, o documento faz menções e críticas indiretas ao atual governo.
"O resultado das eleições de 2002 despertou grandes expectativas de transformação social. Aos poucos, o projeto de poder se sobrepõe à busca de um projeto de nações socialmente mais justa", diz o documento.
A administração anterior, do PSDB, também não ficou de fora do puxão de orelha: "o processo de privatização, em especial no final da década de 1990, significou uma enorme transferência de patrimônio público para grupos de empresas ou de particulares. Não houve o devido cuidado para com a transparência nessas privatizações".
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