21 dezembro 2007

Dom Cappio encerra jejum


O bispo dom Luiz Flávio Cappio encerrou na noite de quinta-feira (dia 20/12) seu jejum que já durava 23 dias, mas prometeu continuar a luta contra a transposição do rio São Francisco. O bispo chegou a ser internado na véspera em um hospital de Petrolina (PE) após passar mal.
Na tarde de quinta, porém, ele recebeu autorização médica para deixar o hospital e foi até Sobradinho, na Bahia, para participar de uma missa, onde foi anunciado o fim do jejum.
"Ele escreveu que ouviu o apelo dos familiares e amigos do movimento, considerou os pedidos desses companheiros de luta que querem vê-lo vivo e lutando, e por eles decidiu interromper o jejum, mas não a luta", disse Adriano Martins, assessor do bispo, à Reuters por telefone.
Segundo Martins, o bispo ainda não está em condições de alta e voltará ao hospital em Petrolina após a missa. "Ele ainda está em jejum e só voltará a comer no hospital, sob orientação médica", disse.
"Estamos muito aliviados, indignados com o governo, mas muito aliviados", acrescentou Martins.
Segundo ele, cerca de 2.000 pessoas estavam na missa realizada ao ar livre, em frente à igreja, e muitas pessoas vibraram com o fim do jejum.


Questionado sobre o caso nesta quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que os protestos do bispo e de seus apoiadores não vão alterar o projeto de transposição das águas do rio.
"Não tem como o governo ceder. A obra vai continuar e espero que o povo brasileiro compreenda que o que fizemos foi levar água para milhões de brasileiros que desde 1846 dom Pedro (2o) queria levar", disse Lula a jornalistas.
Alegando que sua administração está fazendo a maior política de revitalização do rio São Francisco de toda a história, Lula afirmou que o projeto vai levar água a cerca de 12 milhões de pessoas, que são vítimas da indústria da seca, em que caminhões-pipa são usados de maneira política.
Para os opositores do projeto, a transposição das águas irá beneficiar Estados sem déficit hídrico e passará longe da maioria da população rural. Eles também alegam que o governo está conduzindo o projeto de forma autoritária e favorecendo empreiteiras com verbas públicas.

Em 2005, o bispo fez jejum de onze dias pelo mesmo motivo.

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