08 dezembro 2006

Carta de Natal do Superior Geral

Roma, 1º de dezembro de 2006
“Pois nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado” (Is. 9,5)

Caríssimos,

Mais uma vez nos é dado escutar na liturgia do tempo do Natal, este grande anúncio contido nas palavras do profeta Isaías.

Um anúncio que nos enche de alegria porque nos fala de um dom que nos é oferecido, o dom de uma vida que se dá para nós. Nos é dada: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10), mas também porque fala a nossa linguagem, faz-se compreensível, se reveste de nossa fragilidade, dúvidas, esperanças, se reveste de nossa “carne”. A “carne” de um menino que nos fala de uma vida indefesa, que não ameaça, dócil, pacífica.
Tal é o caminho escolhido por Deus para falar conosco, para reconciliar consigo o mundo. Esse menino nascido para nós é o anúncio e o mensageiro, o Evangelho e o missionário.
Como não colher neste anúncio a resposta às interrogações e inquietações mais profundas da humanidade? A resposta às perguntas, às vezes angustiantes, de paz, de uma vida digna, de necessidades primárias satisfeitas, de respeito e de amor de tantos irmãos e irmãs? Às interrogações de sentido e de esperança de tantos jovens?
Com admiração abramos o coração a este mistério, demos-lhe espaço a fim de que acolhendo-o possa crescer em nós a vida, a paz, Ele mesmo.

Como Congregação, celebramos neste ano uma Conferência geral com que nos propusemos enfatizar a urgência de difundir o anúncio de que fala Isaías: a Palavra feita carne, o Evangelho chamado Jesus.
Um anúncio que “implica em quem o anuncia, uma relação íntima com a Palavra de Deus que é a própria pessoa de Jesus”, “um estilo de vida sóbria e de partilha”, o “sentir a comunhão fraterna como missão”, o “tomar parte nos sofrimentos do mundo, especialmente dos mais pobres”, o “viver o êxodo de si para levar a autêntica liberdade” (cf. nn. 3-4, Orientações da VII Conferência geral”.

Desde o início da Congregação, P. Dehon, e, depois dele, muitos de nós, fizeram do anúncio do Evangelho o centro de sua vida. Um sincero obrigado a todos os confrades que hoje continuam a fazê-lo e proclamam com entusiasmo a Boa Nova de Jesus que, que com a sua encarnação, veio até nós com coração aberto e solidário. Obrigado, porque assim fazendo acolhemos este “menino nascido para nós”.
Obrigado a todos aqueles que na fragilidade da doença, no sofrimento da dúvida ou da solidão, na fragilidade das condições ou limitações dos meios, continuam sendo anunciadores do “menino nascido para nós” que é também “Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai para Sempre, Príncipe da Paz” (Is. 9,5).
Aproximando-nos do fim deste ano, queremos dizer obrigado também a todos que se empenharam nas iniciativas promovidas no âmbito da Congregação ou em projetos interprovinciais. Além da já citada Conferência geral, queremos lembrar também o curso de formadores do qual participaram 20 jovens confrades de 15 diferentes países, num caminho de crescimento pessoal, de conhecimento de nossa espiritualidade, para ajudar, por sua vez, a outros a seguir o Senhor. Obrigado, de coração, também àqueles que estão comprometidos nas novas frentes missionárias e nas casas de formação internacionais. São sinais que tomamos a sério a urgência do anúncio, um testemunho de que este “filho que nos foi dado” nos leva a crescer como família superando as fronteiras de nossa nacionalidade e culturas.

Estamos diante de novo ano; queremos continuar o caminho empreendido, na confiança que o Senhor caminha conosco e com a Sua presença fará frutificar os nossos passos, as nossas iniciativas e levará a termo as obras de bem iniciadas por Ele e desejadas por nós.
A todos um augúrio: palavras como vida, alegria, admiração, ternura, generosidade, entusiasmo, fraternidade, tornem-se para cada qual uma experiência que reforce o passo no seguimento do “Menino que nasceu para nós”, Jesus nosso Salvador.


F E L I Z N A T A L
P. José Ornelas CarvalhoSuperior Geral e seu Conselho

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