Os bispos católicos da Índia exigiram formalmente do governo que faça todo o possível para deter a onda de violência contra os cristãos, que já dura mais de um mês e que causou dezenas de vítimas fatais.
Em um comunicado difundido pela agência AsiaNews na sexta-feira passada, 26 de setembro, o cardeal Varkey Vithayathil, presidente da Conferência Episcopal da Índia, em nome de todos os prelados do país, acusa formalmente os grupos radicais hindus pela tragédia, e pede que estes grupos sejam ilegalizados.
"Pessoas inocentes foram assassinadas, mulheres violentadas, igrejas e lugares religiosos profanados, casas de cristãos foram destruídas em Kandhamal e em outros distritos de Orissa", acusa o cardeal.
O comunicado pede "uma ação forte e urgente" contra os violentos, assim como "a proibição de todos os grupos fundamentalistas que treinam terroristas sob a insígnia de ‘Hindutva’ ou outros nomes".
Para os bispos, é "evidente que os autores destas ações malvadas são agentes treinados do ativismo radical ‘Hindutva’, que se movem com instruções e seguindo um plano pré-concebido de destruição".
O cardeal Vithayathil lamenta especialmente a atitude de «apatia e inação» do governo central e das autoridades locais dos Estados afetados.
"O governo continuou assegurando que tudo está dentro da normalidade e que a segurança era perfeita. Mas quando foi criticado, desculpou-se dizendo que era incapaz de controlar as gangues que destruíam as propriedades eclesiais e atacavam os religiosos e a população cristã."
Esta violência descontrolada "está humilhando a antiga civilização indiana e valores como a Ahimsa (não-violência), Verdade, Tolerância e respeito pelas religiões que a Índia havia conservado zelosamente durante séculos", acrescenta o comunicado.
Os bispos recordam que a Constituição indiana reconhece "o direito à liberdade de consciência e à liberdade religiosa", assim como "direito de professar uma religião livremente, de praticá-la e propagá-la".
Também, acrescentam, a Igreja Católica "desempenhou sempre um papel ativo na hora de promover o diálogo inter-religioso e a harmonia".
"Se alguém considera os sofrimentos dos cristãos como uma fraqueza, equivoca-se. Queremos recordar a todos que somos cidadãos desta grande nação e que continuamos contribuindo muito para o crescimento e o desenvolvimento deste país."
Rejeição do proselitismo
Os bispos rejeitam rotundamente as acusações de proselitismo e de promover conversões forçadas, acusações lançadas pelos grupos extremistas para justificar os atos violentos.
"A conversão forçada, mediante recompensas ou com engano está contra os ensinamentos da Igreja Católica", afirmam os bispos, citando a constituição Ad Gentes do Concílio Vaticano II.
Ao contrário, muitos convertidos ao cristianismo "perdem muitos benefícios garantidos pela Constituição, e alguns inclusive sacrificaram suas vidas por rejeitar converter-se ao hinduísmo", agrega a nota.
Os prelados mostram sua convicção de que "as acusações de promover conversões forçadas são uma estratégia que esconde o interesse de negar os serviços cristãos de saúde, educação, emancipação da pobreza e desenvolvimento aos grupos mais abandonados".
"Cremos que a oposição do ‘Hindutva’ às atividades cristãs deriva do medo a que muitas destas comunidades marginalizadas se reforcem em seus direitos e resistam à exploração", acrescentam.
Fonte: Zenit.org
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