17 julho 2009

Pesquisa mostra perfis de jovens sul-americanos


Jovens brasileiros são os mais otimistas quanto ao futuro, os uruguaios os que menos estão ligados a uma religião, e a maioria dos chilenos ouvidos se declarou a favor da pena de morte.

Esses recortes aparecem na pesquisa “Juventude e integração sul-americana: diálogos para construir a democracia regional”, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) e pelo Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais (Polis).

A pesquisa, agora divulgada, ouviu sete mil jovens, de 18 a 29 anos, entre agosto a outubro de 2008, em seis países da região: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Uruguai. Um quarto da população desses países é de jovens. No Brasil, pessoas da faixa etária pesquisada somam 40 milhões de pessoas.

A pesquisa também ouviu o mesmo número de adultos (30 a 60 anos) da região com o intuito de levantar diferenças geracionais sobre questões como religião, problemas e demandas dos jovens, políticas de governo, opiniões e valores sobre temas correntes.

A maioria dos jovens da América do Sul professa a fé católica. Dentre os jovens pesquisados, 87% se declararam católicos no Paraguai, 77% na Bolívia, 73% na Argentina, 62% no Brasil, 59% no Chile e 38% no Uruguai.

No Uruguai encontra-se o maior percentual de jovens que se declararam sem religião: 49%. Esse percentual cai para 20% no Chile, 16% na Argentina, 14% no Brasil, 5% na Bolívia e apenas 2% no Paraguai.

Relacionado, talvez, ao fator religioso, 56% dos jovens uruguaios posicionaram-se a favor do aborto. Foram 36% no Chile e na Argentina, 23,5% no Brasil, 16% na Bolívia e 15% no Paraguai.

Mas foi a maioria dos jovens chilenos (56%) que se declarou a favor da pena de morte. No Brasil esse percentual é de 46%, 45% na Argentina, 44% no Uruguai, 43% na Bolívia e 30% no Paraguai. Com exceção do Chile, jovens dos países pesquisados pensam de modo semelhante quanto à pena de morte.

À pergunta “o que é mais importante para os jovens?”, nos seis países pesquisados houve unanimidade: ter mais oportunidades de trabalho, aparecendo em segundo lugar “estudar e ter um diploma universitário”.

No Chile, 54% dos jovens e adultos entrevistados concordaram com a afirmativa de que “os jovens devem apenas estudar e não trabalhar”. Esse percentual cai para 43% no Uruguai, 41% na Argentina, 31% na Bolívia, 26% no Paraguai e 24% no Brasil.

Jovens brasileiros, paraguaios e uruguaios apontaram como seu problema número um a violência, enquanto a educação de baixa qualidade foi apontada como o maior problema para os jovens chilenos, argentinos e bolivianos.

A grande maioria dos entrevistados, jovens e adultos, entende que o governo conhece as necessidades dos jovens, mas nada faz a respeito. Essa percepção foi apontada por 79% dos paraguaios, 74% dos argentinos, 69% dos brasileiros, 64% dos chilenos, 46% dos bolivianos e 45% dos uruguaios.

Nos seis países os jovens entrevistados apontaram que educação, trabalho e saúde são as áreas de ação governamental mais importante que devem ser atacados.

A participação em movimentos que buscam a transformação política mal é considerada por jovens e adultos pesquisados. Apenas 5% dos jovens chilenos e bolivianos, 4% dos brasileiros e argentinos, 3% dos uruguaios e 2,5% dos paraguaios apontaram essa participação como sendo o mais importante para eles.

Os jovens argentinos (30%), chilenos (39%) e paraguaios (54%) entrevistados apontaram como motivo de dificuldade para estudar a “falta de dinheiro para transporte e outros gastos”.

Já no Uruguai, a “dificuldade de conciliar estudo e trabalho” aparece em primeiro lugar (29%), à frente da falta de dinheiro para gastos (28%). No Brasil, aparece em primeiro lugar, com 36%, o fator “desinteresse do próprio jovem” para estudar, seguida da falta de recursos financeiros (27%).


Fonte: ALC

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