Roma, 10 dezembro de 2010
Mensagem para o Natal
O Verbo Divino se fez carne
Caros confrades e amigos da família dehoniana,
Sentimos o desejo de comungar com todos vocês, por ocasião do Natal e, juntos, recordar acontecimentos e momentos que ao longo deste ano nos ajudaram a fazer experiência da Palavra que se fez carne nosso cotidiano.
Palavras verdadeiras
Na carta enviada por ocasião da festa do S. Coração, referimo-nos ao dom maior de p. Dehon: “Deixo-vos o mais maravilhoso dos tesouros, o Coração de Jesus” (Cfr. Testamento Espiritual). Esta indicação é mais do que uma simples e piedosa recomendação, é o centro da sua experiência pessoal que o levou também à fundação da Congregação. Falar do coração não significa indicar um setor ou uma parte da pessoa, mas a globalidade do seu ser, a sua interioridade em oposição àquilo que é superficial. O coração de alguém é o seu segredo profundo que se conhece somente na medida em que a pessoa mesma se revela e entra em comunicação com outras.
A herança que p. Dehon decidiu partilhar conosco é a sua experiência do Amor de Deus testemunhada em Jesus. Jesus mesmo é o dom. A mesma carta enviada a todos vocês por ocasião do dia 14 de março, dia do nascimento de p. Dehon, com um etilo mais narrativo e experiencial, deu-nos a possibilidade de aproximar uma vez mais a figura do fundador e de colher aquilo que o motivou e sustentou ao longo de toda a vida, a sua experiência de fé.
Encarnadas por Jesus Cristo
Falando do Sagrado Coração, p. Dehon quer convidar-nos a lançar o olhar sobre a humanidade de Jesus, como Verbo feito carne que habitou entre nós (Jo. 1,14). Nos seus gestos, pode-se contemplar a solicitude de Deus para com a humanidade. Ele mostra sua proximidade a toda pessoa, independentemente da raça, cultura ou condição social. É a partir dessa sua humanidade, como Emanuel (Deus conosco), que Jesus se torna, ao mesmo tempo, revelação do amor de Deus e modelo a ser imitado, caminho possível para todo homem e mulher neste mundo.
Colocadas no nosso programa
A carta programática, preparada no início deste sessênio que quer ser um instrumento para coordenar as nossas ações foi enviada às diversas comunidades e apresentada nas visitas que os membros do governo geral fizeram, neste ano, à Congregação, particularmente à Ásia e a alguns países da Europa. Essa tem como princípio inspirador a centralidade de Cristo e a experiência que fazemos dele e testemunhamos na nossa vida comunitária e apostólica. As muitas iniciativas ali propostas têm três elementos transversais que consideramos prioritárias e que devem ser desenvolvidas para o crescimento da Congregação: a espiritualidade, a formação e a internacionalidade. Não se trata de três atividades e nem sequer de campos de empenho apostólico, mas de atenção a considerar e cultivar em toda programação e iniciativa.
Encontradas na vida cotidiana
A Palavra que fez carne ilumina o nosso caminho feito de pequenos passos e de respostas adequadas que somos chamados a dar a tantos desafios, problemas e situações que cruzam o nosso caminho até mesmo institucional. No encontro dos superiores maiores ocorrido no mês de outubro destacamos algumas, por exemplo, o problema do envelhecimento em algumas entidades, o sustento também econômico para a formação nas realidades mais jovens, a função do superior na animação e orientação das comunidades e a questão espinhosa dos abusos sexuais. Temas abertos que merecem ser estudados, enfrentados e acompanhados para que o nosso testemunho seja eficaz.
Tornadas “boa notícia” para quem necessita
O que nos é dado contemplar no Natal, é que Jesus não é somente o melhor ser humano, mas é o homem novo na plenitude do Espírito, o Filho de Deus. Não é o simples resultado de um aperfeiçoamento do ser humano, mas uma intervenção radicalmente nova de Deus, que inicia uma nova humanidade infundindo o seu Espírito. Boa notícia para as mulheres e para os homens em caminho, na história, a respeito das interrogações mais profundas referentes ao nosso viver, amar, relacionar-nos, empenhar-nos. “Boa notícia” que constantemente coloca em relação materialidade e espiritualidade, história e transcendência.
Enriquecidas pela alegria dos acontecimentos
Estamos a caminho, e sempre em busca do Deus “escondido”, de Jesus de Nazaré encontrado e sempre a ser encontrado novamente. É um percurso que muitos, na Congregação, estão fazendo, por isso dizemos obrigado. Estamos contentes pelos que fizeram a primeira profissão, neste ano, e pelos foram ordenados presbíteros. A todos vocês. Por todos vocês e particularmente por todos que celebraram o jubileu da primeira profissão e da ordenação sacerdotal, agradecemos o Senhor. Muito obrigado pelo serviço desenvolvido, por tantos anos, em favor daqueles que têm necessidade da nossa presença. Junto a esses felizes acontecimentos, recordamos a nomeação do novo bispo dehoniano, o nosso confrade brasileiro Vilsom Basso. A sua disponibilidade para ser pastor de uma igreja local, é um modo concreto de realizar. Nós o acompanharemos com a oração e, com ele, todos aqueles confrades que foram chamados a servir mais diretamente uma parte da igreja através do ministério episcopal.
Olhamos com esperança para as iniciativas que estão dando os primeiros passos: Paraguai e Ciad. Acompanhamos com confiança o desenvolvimento da presença no Vietnam. Tudo requer atenção formativa, capacidade de investir na preparação de pessoas abertas e capazes de fazer a congregação caminhar nos novos contextos. Sinal de esperança é a reflexão e o aprofundamento que faz nos diversos continentes: o convênio sobre a “Missio Cordis” na America Latina, a preparação das conferências continentais, o curso para formadores que está acontecendo em Roma.
Tornadas verdadeiras por quem as consumou
A lembrança de família vai a todos os que já estão na casa do pai, anciãos e mais jovens. Muitas entidades foram visitadas por este acontecimento. Deixaram-nos familiares, amigos e confrades, cada um de nós tem em quem pensar. Queremos recordar p. Augustinho Ihwe Litindi, jovem sacerdote da província do Congo, morto nesta comunidade de Roma. É o primeiro africano sepultado no túmulo que, nessa cidade, recebe os restos mortais de alguns dos nossos superiores gerais, expressão de uma internacionalidade e missionariedade que se manifesta também neste sinal.
Sustentadas pela solidariedade
Queremos, enfim, fazer nossa a atenção de Deus que escuta o grito, os gemidos, os silêncios das pessoas e dos povos empobrecidos, feridos, oprimidos e desfrutados. Ele assume com sua a condição deles, fazendo-se presente como o Deus da libertação e da vida. Constantemente encoraja, sustenta e acompanha as exigências de dignidade, de justiça e de igualdade
Esta atitude de Deus tornado visível e palpável em Jesus, convida-nos, insistentemente, a fazer o mesmo. Neste ano, foi bela e verdadeira a resposta que procuramos dar com gestos de solidariedade às populações provadas por calamidades naturais: Haiti, Chile, Madeira, Indonésia. Tantas outras pequenas atenções, porém, não foram menos importantes.
Marcadas pela invocação
Mais uma vez lembramo-nos de um Deus que, fazendo-se criança, nasceu para todos. Cristo Jesus continua vindo. Vem lá onde floresce uma humanidade silenciosa e desolada, lá onde se morre e se excluem os mais fracos, e onde é grande a injustiça social. Vem entre nós, nas nossas comunidades, na família dehoniana. Vem procurar-nos e consolar-nos para tornar o nosso caminho ainda mais pleno e rico de esperança. Ilumina as entidades e os acontecimentos continentais que celebraremos no próximo ano, para que a nossa resposta seja sempre mais próxima àquilo que tu queres e, no encontro conosco, muitos irmãos e irmãs possam fazer a experiência de Ti que és Deus entre nós, “Palavra feita carne”.
A cada um de vocês o desejo de um Santo Natal e de um 2011 rico de bênçãos.
Pe. José Ornelas Carvalho, scj
Superior Geral
e o seu Conselho
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