São Paulo, 02 de dezembro de 2010
Estimados Confrades,
Advento, Natal, Novo Ano...
Advento
Vivemos, uma vez mais, o tempo benéfico e propício do Advento. Na verdade, celebramos triplo Advento: o Advento primeiro, quando o Senhor veio à terra, partilhar nossa história, revestido de frágil humanidade; o Advento derradeiro, quando o Senhor virá com o céu, em sua glória, com toda majestade; o Advento terceiro, quando o Senhor, a cada hora vem, na discrição da cotidianidade. Inspiramo-nos na chegada primeira, aguardamos a derradeira e vivenciamos a terceira.
O Advento, porém, é tempo relativo e aponta para o Natal. Planta-se árvore frutífera para saborear seus frutos, constrói-se casa para nela habitar. O cultivo da Árvore do Advento, pois, nos prepare e leve a saborear os frutos do Natal; a Casa do Advento, portanto, nos seja moradia para nela acolher o Senhor de nosso viver. Seja-nos, efetivamente, tempo favorável e dia da salvação (cf. 2Cor 6,2).
Natal
O Natal está às portas, com as características de inevitabilidade e, ao mesmo tempo, imprevisibilidade. Com certeza, será o que Deus dele para nós quer: é graça e oferta, proposta e dom; dependerá, também, do que a gente com ele fizer: é tarefa e acolhida, resposta e missão.
Notáveis, a mistagogia espiritual, o itinerário vivencial e a pedagogia existencial que a liturgia natalina nos propõe... Os textos bíblicos da encarnação exemplificam a mais genuína “inculturação”: para os judeus, representados pelos pastores, a proclamação é feita por anjos, como ao judaísmo vai bem; para os pagãos, representados pelos magos, o anúncio é feito pela estrela, como à gentilidade convém. Uns e outros, apesar da noite escura e da vida dura ou apesar do Herodes cruel e da Jerusalém infiel, chegam a Belém e encontram “o Menino, com Maria, sua mãe” (Mt 2,10).
“Gloria Dei vivens homo” (Irineu, Adversus Haereses, IV. xx. 7), interpretou bem Irineu. Deus é glorificado quando o humano está realizado e com ele todo o universo sintonizado. Por isso, anjos e homens, judeus e pagãos, pobres e ricos, animais e plantas, estrelas e minerais, todos são incluídos na sinfonia cósmica da libertação que já é salvação. Nem é necessária muita fantasia para daí desbordar as consequências teológicas e antropológicas, sociológicas e ecológicas, políticas e éticas do nosso testemunho religioso e ministério presbiteral, para glória de Deus, em favor dos filhos e filhas seus.
Novo Ano
Não tenho dificuldades para entender o desafio, e até mesmo o sacrifício, que significa para alguns confrades trocar de comunidade, paróquia e atividade. Para outros, o sofrimento consiste exatamente no fato de serem solicitados a continuar onde estão, com quem estão e no que estão.
Ouso pedir a que pensemos no motivo que nos faz estar em certo lugar e em determinada missão. É por causa do Senhor e das pessoas (como Igreja e na Igreja, responsáveis e servidores, não patrões e dominadores). Estes são os pólos absolutos. A eles somos relativos tanto na comunhão quanto na missão: enviados por Deus e enviados para as pessoas. Se absolutamente relativos como lideranças, enquanto pessoas do Povo de Deus somos também incluídos no absoluto de beneficiários da bênção que somos e levamos.
Logo, bem mais do que os caprichos e os costumes, as rubricas e as normas, os individuais saberes e sabores, as pessoas (incluídos nós) é que contam em primeiro lugar. É a Palavra de Deus na escritura e a Palavra de Deus na vida a ensiná-lo. Antes de sermos portadores da Palavra, somos por ela formados e conduzidos, impulsionados e munidos. “Por um lado, é necessária a Palavra que comunique aquilo que o próprio Senhor nos disse; por outro, é indispensável dar, com o testemunho, credibilidade a esta Palavra... como uma realidade que se pode viver e que faz viver” (Bento XVI, Verbum Domini 97).
Valho-me da ocasião para agradecer a cada qual pelo seu trabalho evangelizador, quer na palavra anunciada quer na vida testemunhada. Faço-me eco de vozes tantas, de tantos e tantas, a contar da disponibilidade e da generosidade de vocês.
A todos (Confrades, Companhia Missionária, Leigos Deonianos, Jovens da MDJ, Comunidades Paroquiais, Amigos e Amigas), em nome do Conselho Provincial e da Comunidade do Provincialado, votos de Advento bem vivenciado, Natal Feliz e Novo Ano abençoado, com o Senhor que veio e virá e conosco já está!
P. Mariano Weizenmann,scj.
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