17 agosto 2007

Documento de Aparecida sofre alterações


"A proposta global do Documento de Aparecida não foi mexida, ela permanece, ela é excelente, ela é estimuladora”, afirmou o arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, na tarde desta sexta-feira, dia 17, durante o debate sobre o Documento de Aparecida, promovido pela 5ª ExpoCatólica (Feira Internacional de produtos e serviços para Igrejas, livrarias e lojas de artigos religiosos) realizada em São Paulo no ExpoCenter Norte.

O Documento de Aparecida aprovado pela V Conferência Geral dos bispos da América Latina e do Caribe, realizada no mês de maio, em Aparecida, e publicado em espanhol após a aprovação do Papa Bento XVI em junho, sofreu algumas alterações principalmente em relação as CEB’s (Comunidades Eclesiais de Base) antes de ser avaliado pelo Pontífice.

Segundo o presidente do Conselho do laicato do Brasil, Carlos Signorelli, que participou do debate, o texto foi mudado no Chile. “Particularmente eu tenho uma contradição muito grande desse documento com o que foi aprovado, e sabemos que Roma não mexeu em nada no texto”, enfatizou.

Dom Odilo alegou que houveram mudanças em alguns pontos, mas as mudanças devem ser consideradas de dois tipos: “Primeiro, mudanças formais, simplesmente de ajuste de linguagem, adequação de palavras e acentos, e essas intervenções foram muitas compreensíveis, uma vez que o texto foi aprovado, mas o trabalho foi muito intenso, não permitindo uma verificação suficiente da noite para o dia. Até as vésperas da votação se continua a redigir e durante a noite se passa para o papel para que no dia seguinte pudesse estar em mãos. Então era necessária uma verificação sim, gramatical, estilista, e foi feito isso sim, certamente isso todo mundo compreende que era necessário fazer. Por outro lado existe um segundo tipo de mudança que aparece em algumas passagens em relação a CEB’s, e também em relação a família, e mais em alguma outra passagem, algumas mudanças um pouco mais substanciais. Eu creio que são poucas as passagens com mudanças um pouco mais significativas, eu mesmo vi o texto e pude confrontar que não são tantas assim, mas houve”.

Se isso foi bom ou adequado é preciso verificar se quem o fez tinha competência para fazê-lo e se estava dentro do regulamento e competência para fazê-lo, afirmou o Arcebispo.

“Eu estando na secretaria geral como secretário adjunto, posso dizer que houve uma falha na reprodução do texto final colocado nas mãos para ser votado globalmente, ou seja, um texto até mesmo referente à CEB’s que não tinha passado no dia anterior pela aprovação na votação dos destaques permaneceu no texto posto nas mãos dos votantes no final. Portanto ele estava indevidamente no texto que recebeu a votação global, e disso a presidência e a secretaria geral se deu conta depois de concluída a sessão, enquanto se ia para a Basílica para a celebração final”, pronunciou.

Dom Odilo relatou também que se as alterações correspondessem a esse ponto de vista, mas ele ainda não pôde verificar, ele teria mais compreensão, mas afirmou que houve também alguma alteração um pouco mais substancial. “Isso não invalida o texto todo, pelo contrário, a proposta global de Aparecida não foi tocada, ela permanece, ela é excelente, ela é estimuladora”, assegurou. Para o arcebispo esta questão de texto atual e texto anterior é uma questão que se olha e discute, se é adequado ou não adequado, mas de toda forma a proposta global do documento de Aparecida, não foi mexida, e no texto que tem quase 600 parágrafos na quase totalidade dos parágrafos não foi feita nenhuma mudança substancial apenas em uns poucos parágrafos. “Seria uma pena se de repente essa questão, mexeu ou não mexeu, criasse dificuldade para uma acolhida muito positiva do documento da proposta de Aparecida”, concluiu. "Não sei quem alterou, mas quero saber, pois não é a primeira vez que isso ocorre", protesta o cardeal Geraldo Majella Agnelo, arcebispo de Salvador e primaz do Brasil. D. Geraldo foi um dos presidentes da Conferência de Aparecida, ao lado do cardeal Errázuriz e do cardeal Giovanni Battista Re, prefeito da Congregação para os Bispos, que entregaram o documento final a Bento XVI. "Eu pensei que estava levando o original", declarou ao jornal “O Estado de S. Paulo”, garantindo que, até onde sabe, as mudanças não foram de iniciativa de Roma "pois o Papa respeitaria o que os bispos decidiram". O cardeal brasileiro defende o restabelecimento da versão original.
Com informações da Agência O Estado e Canção Nova

Nenhum comentário: