O término dos oito anos que o bispo católico Han Dingxiang levava na prisão chegou com sua morte, praticamente em solidão, em 9 de setembro passado.
Segundo nota da Fundação Cardeal Kung (com sede nos Estados Unidos), o prelado faleceu às 23h (hora de Pequim) ao final de seus quase oito anos de encarceramento por parte das autoridades chinesas. Com exceção de alguns parentes muito próximos que foram chamados de repente pelas autoridades junto à cama do bispo antes que morresse, nenhum de seus sacerdotes ou outros fiéis sabiam da gravidade de seu estado nem de nenhuma causa que pudesse provocar sua morte; tampouco conheciam que estivesse no hospital, morrendo. As autoridades ordenaram, aproximadamente às 5h da manhã seguinte, a incineração do falecido. Suas cinzas foram enterradas imediatamente em um cemitério público, «tudo em seis horas desde o falecimento», adverte a citada Fundação. Portanto, salvo alguns familiares, ninguém viu o corpo do bispo. Nem houve sacerdotes nem fiéis em seu enterro. As últimas palavras do bispo Hans Dingxiang antes de entrar em coma se dirigiram a pedir à sua congregação que rezasse muitos terços. Tinha 71 anos, 35 dos quais sofreu privação de liberdade: em um campo de trabalho, na prisão ou em prisão domiciliar.
Retido em diversas localidades, desde 2005 já não havia pistas dele, até o sábado passado. Joseph Kung, presidente da Fundação Kung, questiona-se por que as autoridades tiveram tanta pressa por incinerar o falecido prelado, e por que não se permitiu aos sacerdotes de sua diocese que abençoassem seus restos mortais e, junto a seus fiéis, orassem por seu pastor e velassem seu corpo. O bispo Han Dingxiang era dos prelados denominados «clandestinos», ainda que, como adverte o Pe. Yihm Sihua – de Hong Kong – é preferível evitar falar de duas Igrejas distintas no continente chinês; existe uma única Igreja Católica, «mas com diferentes tendências». «Estão, em primeiro lugar, as comunidades legais, que aceitaram registrar-se ante o Governo, segundo a lei chinesa» «por diversas razões» – aponta o sacerdote: «porque querem recuperar sua igreja, porque as autoridades locais tolerantes lhes inspiram confiança, porque os membros da Associação Patriótica respeitam seu sacerdote, porque o bispo da diocese foi reconhecido por Roma». «Esses católicos, atualmente menos de um terço do número total, vivem perfeitamente em comunhão com a Igreja universal, inclusive se estão infiltrados pelo governo, explica o Pe. Sihua.
A realidade crente católica se completa com «as comunidades que vivem na ilegalidade, ou seja, que rejeitaram fazer uma escolha que as situaria sob a autoridade da Associação Patriótica e da Sala de Assuntos Religiosos», uma rejeição baseada «em vários motivos: as autoridades locais não lhes inspiram confiança, o bispo do lugar não está em comunhão com Roma, alguns de seus sacerdotes estão na prisão ou em residências vigiadas».
«Estes católicos querem preservar a qualquer preço a seu redor um espaço de liberdade que permita à sua comunidade cristã viver plenamente sua fé e transmiti-la às jovens gerações. Para eles, sair agora de sua clandestinidade seria uma ingenuidade – sublinha. Seria jogar-se nos braços da Associação Patriótica e perder esta liberdade religiosa pela qual lutaram tanto. Não é desejável de nenhuma maneira por enquanto. É necessário ainda ter paciência e esperar que o Governo diminua seu controle sobre as religiões.»
Fonte: Zenit.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário