29 abril 2008

Crise alimentar ameaça 100 milhões de pessoas

A subida dos preços poderá causar guerras civis em muitos países

A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) assinalou distúrbios pela fome em 37 países.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e outras altas autoridades das Nações Unidas avaliam estratégias que permitam enfrentar a crise provocada pelo aumento dos preços dos alimentos.
Ban e dirigentes das 27 agências e organismos da ONU se encontraram na sede da União Postal Universal (UPU) em Berna, Suíça, pressionados pela crescente demanda de ações urgentes para socorrer as populações famintas.
A respeito disso, a FAO assinalou que o aumento dos preços dos cereais gerou uma situação de extrema gravidade que desembocou em distúrbios causados pela fome em 27 países do Terceiro Mundo.
Funcionários diplomáticos não descartam que o encontro em Berna, que acontece dia 29 de abril, gere um árduo debate entre os partidários do protecionismo e os defensores da abertura dos mercados.
Esse cenário também pode estar aberto às polêmicas entre os que estão a favor e contra da utilização de alimentos para a produção de biocombustíveis.
O alarme sobre a crise alimentar foi lançado em 25 de abril passado pelo diretor geral da FAO, Jacques Diouf, em uma entrevista à rede televisiva "France 24", difundida em 26 de abril pelo jornal vaticano "L'Osservatore Romano".
"Não penso que haja guerras entre países – disse Diouf –, mas guerras dentro de alguns países." "Se não forem tomadas as medidas necessárias – acrescentou –, o risco é que se produzam confrontos."
Interrogados sobre a possibilidade de um Fundo Mundial contra a Fome, a exemplo do Fundo Mundial contra a Aids, Diourf não descartou o projeto, definindo-o "um bom assunto para estudar", com a condição de que se traduza em "recursos acrescidos".
"Quero simplesmente assegurar – acrescentou – que este Fundo não leve a um novo confronto entre fundos que já existem, em vez de ter a dinâmica de um processo que garanta recursos acrescidos."
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, segundo recolhe "L'Osservatore Romano", voltou a solicitar "ações imediatas" da comunidade internacional contra o aumento dos preços dos produtos alimentares, fator que "põe em risco de fome mais de 100 milhões de pessoas no mundo".
"O altíssimo aumento dos preços se transformou em uma verdadeira crise global – denunciou Ban Ki-moon, falando com os jornalistas no contexto da cerimônia de inauguração de um novo edifício para as conferências da ONU em Viena. Devemos realizar uma ação imediata de modo concertado."
Um dos países mais afetados pela crise de fome no mundo é o Haiti, assinala o jornal vaticano. Em 25 de abril, o Fundo Monetário Internacional (FMI) se reconheceu "profundamente preocupado pelo impacto social do aumento dos preços dos produtos alimentícios" e disposto a "sustentar os esforços que o governo do Haiti está dedicando a atenuar o sofrimento da população, ainda que preservando a estabilidade econômica".
Justamente porque é um país que importa muitos produtos alimentícios, "o Haiti foi atingido fortemente pela crise dos preços", disse o chefe da missão do FMI Andréas Bauer, que viajou a Porto Príncipe de 22 a 24 de abril. "Trabalhamos em estreito contato com as autoridades para acompanhar a avaliação das necessidades do Haiti", especificou Bauer.
Seis pessoas perderam a vida no Haiti e cerca de 200 ficaram feridas no curso das recentes revoltas pela emergência alimentícia, que custaram o cargo de primeiro-ministro a Jacques Edouard Aléxis.


Fonte: ZENIT
Texto: Nieves San Martín

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