O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) pretende ouvir nos próximos meses mais de 35 milhões de brasileiros para identificar o problema do país que mais merece atenção. A ação é inédita no Brasil e deverá ser concluída até o início de 2010. Os dados colhidos, por intermédio de questões como “o que precisa mudar no Brasil para a sua vida dar uma melhorada?” ou “o que precisa mudar no Brasil para a sua vida mudar de verdade?”, serão usados para a elaboração dos temas do próximo Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud, estudo composto por diagnósticos, sugestões e divulgação de indicadores de desenvolvimento humano. O relatório mais recente, publicado em 2005 no Brasil, teve o tema Racismo, Pobreza e Violência.
“O próximo relatório de desenvolvimento humano não vai ter um tema definido em gabinete, mas vai ter um tema que vai ser definido pelas pessoas, pela sociedade organizada e desorganizada. Parte do desafio desse relatório é conseguir, pela primeira vez, não somente no Brasil, mas no mundo, fazer essa experiência a partir de uma consulta aberta”, afirma coordenador do relatório de desenvolvimento do Pnud, Flávio Comin.
Nesta segunda, em São Paulo, os primeiros brasileiros que farão parte da pesquisa, denominada “Brasil Ponto a Ponto”, foram ouvidos em audiência pública. A maior parte das pessoas que serão consultadas, no entanto, deverão ser ouvidas a partir de janeiro. “Por meio de uma parceria com a TIM, nós vamos poder consultar 35 milhões de brasileiros via mensagem de texto. E através de uma parceria com a Caixa Econômica Federal, ouvir aquelas pessoas que não têm telefone da TIM. As pessoas vão poder usar lotérica e as agências para deixar a sua opinião”, explica Comin. Os Correios também participarão.
O Pnud já consultou os 4.009 cursos de pós-graduação existentes no país para ouvir os acadêmicos. Também fechou parcerias com a Confederação Nacional dos Municípios e com o portal dos Voluntários. “O propósito é escutar as pessoas sobre suas vidas e sabemos que é difícil você fazer isso sem respeitar o indivíduo, porque cada pessoa tem o seu ponto de vista, tem a sua sensibilidade, sua vivência. Temos que reconhecer que, ao mesmo tempo, existe a coletividade e existe o indivíduo e é esse o nosso ponto de partida. A idéia é de juntar todos os pontos do país apontando o que é preciso mudar questão por questão”, afirma Comin.
Maria Sizilio, da Associação de Instrução Popular e Beneficente, foi uma das primeiras a ser ouvidas na audiência pública. Na opinião dela, a educação está entre os maiores problemas enfrentados pelo país. “Escolhi o tema educação porque aqui, no Brasil, existe uma sociedade desigual. A desigualdade social é muito grande e temos que ter a cultura voltada para que a pessoa desenvolva seu potencial de trabalho e educação”, afirmou.
Fonte: SIR / IRaoPOVO
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