08 maio 2008

Dom Erwin e a situação de Xingu


Este é dom Erwin Kräutler, bispo da Prelazia do Xingu, no Pará. Dois anos após o assassinato da missionária americana Dorothy Stang, ele é um dos religiosos ameaçados de morte na Amazônia por suas posições em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente na Amazônia.
Em 2006, Dom Erwin Kräutler redigiu um depoimento, difundido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em que relata a injustiça que impera na região do Xingu, onde são rotineiros os casos de violação da dignidade humana e dos direitos do mais pobres.
"A defesa dos direitos humanos e do meio-ambiente é, na região do Xingu, na Amazônia, um empenho que muitos políticos e empresários combatem com todos os meios", afirma Dom Erwin logo ao início de seu depoimento.
Segundo o bispo, "calúnias, difamações e ameaças de morte são as armas que empregam na tentativa de calar a quem faz ouvir sua voz contra as agressões à dignidade humana, em favor da sempre protelada reforma agrária, contra a destruição inescrupulosa do meio-ambiente, contra a pilhagem, a depredação e o saque das riquezas naturais, contra um modelo de desenvolvimento e progresso que, sem um mínimo respeito à pessoa humana e às comunidades locais, somente visa os interesses de uma poderosa oligarquia à procura de lucros imediatos e fabulosos".
Dom Erwin Kräutler é um dos mais vigorosos críticos da construção da hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu. Por suas posições, enfrenta um embate público com empresários e políticos da Região Norte. Mas o bispo, austríaco de nascimento, afirma que um dos motivos pelos quais sofre ameaças de morte é sua denúncia de uma série de crimes de abuso sexual de menores na cidade de Altamira, onde fica a sede de sua prelazia.
"Como bispo do Xingu, em nenhum momento podia silenciar ou omitir-me diante dos delitos abomináveis cometidos contra adolescentes", afirma o bispo, que denunciou o crime à polícia, exigiu a punição dos responsáveis, e convocou o povo a manifestar a solidariedade às famílias das vítimas.
Na verdade, são tantas as causas que dom Erwin defende, que é difícil identificar exatamente de onde partem as ameaças. Ele é um dos maiores críticos do processo de devastação da Amazônia, e luta contra a prostituição infantil e pela condenação dos mandantes do assassinato de Dorothy Stang.


Publicado por Rodrigo Tavares - O Globo online - blog "Amazônia Selvagem"

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