05 maio 2008

"Falta de vontade" provoca fome dos pobres

O aumento da fome entre os pobres, devida ao aumento do preço dos alimentos, interpela as consciências, pois não se deve à falta de capacidade de produção de comida para todos, mas à falta de vontade, explica o porta-vos vaticano.
O Pe. Federico Lombardi, S.J., diretor da Sala de Informação da Santa Sé, analisa as causas e conseqüências éticas do «vertiginoso aumento dos preços de cereais», no editorial do último número de «Octava Dies», jornal do Centro Televisivo Vaticano, do qual também é diretor.
A análise começa recordando que «no ano 2000, a maior cúpula de chefes de Estado da história proclamava solenemente a ‘Declaração do Milênio’, que enunciava os objetivos mais urgentes para o bem da humanidade, a serem alcançados antes de 2015».
«O primeiro era reduzir pela metade, neste período, a pobreza extrema e a fome. Passaram quase 8 anos e, nestes meses, está acontecendo uma crise alimentícia gravíssima em muitos países, por causa do vertiginoso aumento dos preços dos cereais, de forma que o número de famintos e subalimentados volta a crescer rapidamente, correndo o risco de afetar milhões de pessoas, e não parece que a crise vai ser passageira», recorda.
Citando estudos de especialistas, o Pe. Lombardi vê 3 causas neste fenômeno: «a distorção no mercado, provocada pelas subvenções à agricultura dos países ricos; a nova produção de biocombustíveis após as preocupações ambientais; o maior consumo de carnes em grandes países como a China e a Índia, de forma que boa parte da produção agrícola já não se dedica diretamente aos cereais para a alimentação humana».
Segundo o Pe. Lombardi, «o que falta no mundo não é comida ou a capacidade para produzi-la, mas a vontade para resolver o problema mais grave, isto é, que os pobres tenham o que comer. Outras coisas, outras preocupações, passam antes».
«Os gastos militares, por exemplo, continuam crescendo – denuncia. Outros interesses guiam o jogo do nosso mundo, apesar de que a Cúpula do Milênio proclamou corretamente o primeiro objetivo.»
«Mas uma coisa é uma Declaração, e outra é a dura realidade – conclui. Agora, nosso olhar se dirige à nova cúpula pela segurança alimentar da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) de junho. É outra oportunidade que não podemos deixar passar, pois enquanto isso muito pobres estão morrendo.»

Fonte: ZENIT

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